Bem comum e cidadania numa era emotivista: A política identitária como vetor da crise e renovação do debate público
DOI:
https://doi.org/10.5347/isonomia.v0i55.479Palavras-chave:
políticas identitárias, debate público, emotivismo, cidadania, bem comumResumo
Bem comum e cidadania numa era emotivista: A política identitária como vetor da crise e renovação do debate público
Este artigo analisa os conceitos de cidadania e bem comum, a partir da crise do debate público ocasionada, entre outras causas, por uma deturpação da política de identidade, no contexto do emotivismo moral moderno. Para tanto, o trabalho adota a metodologia da revisão bibliográfica para proceder a uma análise teórica de conceitos centrais da filosofia prática contemporânea, abrangendo referências diversificadas, como MacIntyre, Mark Lilla, Taylor, Finnis, Sandel e Kymlicka. Após apresentar o diagnóstico de MacIntyre sobre o éthos emotivista moderno, como fator da insolubilidade de controvérsias morais e a crítica de Lilla à despolitização que o atomismo identitário ocasionou, o artigo estuda as condições da reabilitação teórica dos conceitos de cidadania e bem comum, a partir de uma ética comunitarista da razão prática, de matriz aristotélica, em que a amizade cívica é relevante para equacionar as diferenças numa unidade política maior. A conclusão é a de que as políticas identitárias podem ser salvaguardadas se redimensionadas pelo conceito de bem comum, superando as contradições emotivistas do debate público.
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